Cannes Lions 2025 começou e, já no primeiro dia, a Creator Economy deixou claro que não é mais promessa: é potência. O festival, conhecido por celebrar ideias que movem o mundo, vive agora a pressão de reconhecer os criadores como protagonistas reais do ecossistema criativo. E isso vai muito além de inseri-los em campanhas ou chamá-los para compor mesas de discussão — trata-se de dar a eles o espaço e o valor que já conquistaram no mercado.
O Cannes Lions International Festival of Creativity 2025 começou com força total para a Creator Economy, consolidando o protagonismo dos criadores de conteúdo na indústria da criatividade. O festival, que até pouco tempo atrás era dominado por agências e grandes marcas, hoje abre espaço para um ecossistema que movimenta bilhões de dólares e redefine o futuro do marketing e da comunicação.

No primeiro dia, o destaque foi o lançamento do LIONS Creators Programme, um espaço dedicado exclusivamente à economia dos criadores, com workshops, palestras e networking entre influenciadores, marcas e especialistas do setor. O programa promete cinco dias de imersão e três dias de atividades práticas, reunindo nomes como Amelia Dimoldenberg, Keith Lee, Jake Shane, Grace Beverley e líderes de marcas globais como Rare Beauty e Benefit Cosmetics.
Entre cases inspiradores e conversas importantes, vimos também algumas decepções. O tão aguardado 2025 Influencer Pricing Report, por exemplo, prometia lançar luz sobre um dos maiores gargalos do setor: a precificação justa e a equidade nas relações comerciais.
Mas, na prática, limitou-se a convidar o público a se cadastrar em um link para acesso futuro aos dados. Seguimos confiantes de que não será apenas mais um click bait, mas sim uma entrega que agregue de fato à evolução do mercado.

Enquanto isso, os creators brasileiros deram um show. Presentes em peso — seja com o
apoio de marcas e plataformas, seja com o próprio esforço e investimento, como fazem todos os dias em suas trajetórias —, mostraram que o Brasil não é apenas participante: é protagonista. O reconhecimento veio de forma histórica, com o país sendo homenageado como o mais criativo do mundo em Cannes. O painel Brazil’s Creative Revolution: A Bold New Chapter Powered by Globo celebrou essa homenagem em bom português.
As tendências que se desenham no festival são claras. Vemos marcas se tornando
verdadeiros estúdios de conteúdo e creators assumindo seu lugar como novos C-levels, empreendendo, criando produtos e impactando comunidades de forma genuína, como discutiram Colin e Samir em suas falas sobre o futuro do creator entrepreneurism. Casos como o de New Heights e Reese’s no Super Bowl reforçam o poder das parcerias autênticas, que nascem do encontro verdadeiro entre marcas e criadores, sem forçação de barra.
E como não destacar a frase que ecoou pelos corredores do festival neste primeiro dia, dita por Anselmo Ramos: “A melhor dupla do mundo é um brasileiro e uma IA”. A inteligência artificial, que poderia ser vista como ameaça, aqui é celebrada como aliada do talento e dafamosa “gambiarra” brasileira — juntos, capazes de derrubar barreiras de produção e transformar ideias ousadas em realidade.
Cannes 2025 nos inspira, sim. Mas também nos provoca a refletir: até quando os creators seguirão à margem de um mercado que só existe por conta deles? O festival mostra que o futuro da comunicação já chegou. O desafio agora é transformar potência em impacto real, com mais ética, inclusão e transparência.
E que fique registrado: a comunidade criativa brasileira, com o trabalho incansável do YOUPIX, da Rafa Lotto e de tantos outros, mais uma vez transformou a participação no festival em uma experiência de valor, troca e aprendizado. Que este seja, de fato, o ano em que a Creator Economy deixou de ser coadjuvante e passou a ocupar o centro do palco.
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Escrito por: Camilo Barros,
Designer de futuros e publicitário | Sócio e fundador do Institute for Tomorrow, think tank de desenhos de futuros e criador do TomorrowCast.